domingo, abril 29, 2007


Formas, cores, cheiros...
Tudo ali me envolveu de tal forma que quando dei por mim, estava de boca aberta, de olhos arregalados, admirando a obra.
Não sou católica, mas hoje assisti a uma missa na Igreja de Nossa Senhora de Montserrat e Mosteiro de São Bento.
No estilo Barroco e rococó português. Colunas com formas arredondadas, cobertas de ouro. Missa em latim, canto gregoriano, o cheiro do incenso.
Mentalmente fiz uma viagem no tempo.
Estava em 1763, sentada no centro junto com as outras mulheres (lembrando que naquela época não havia bancos e, os homens, ficavam em pé nas laterais). O padre de costas, no altar, pregando a palavra em latim. Em volta, uma arquitetura fascinante, construída ao longo de muitos anos.
Abrindo os olhos, encontrei algumas mudanças. Homens e mulheres juntos, o padre de frente pros fiéis. Mas a arquitetura era a mesma, tão fascinante quanto.
Dando continuação à volta na História, fui ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Assisti a uma exposição de gravuras desde o século XV. Albrecht Dürer, Picasso, Rembrandt, Jacques Callot, entre outros. Resumindo: Um espetáculo!
Pra encerrar com chave de ouro, terminei o dia no Odeon, um cinema na Cinelândia (grande pólo cinematográfico do início do séc. XX). Assisti “Cheiro do Ralo”, com o Selton Melo.
Voltei pra casa depois de tomar um cafezinho (fiel ao Brasil por muitos anos), e com uma frase na cabeça. Pra ser mais específica, uma música de Gilberto Gil:

“(...) O Rio de Janeiro continua lindo...
O Rio de Janeiro continua sendo! (...)”.

sábado, abril 21, 2007

“ Coração, é terra onde ninguém pisa ! “

Passei toda a minha Infância, e agora minha adolescência, ouvindo essa frase. Minha mãe sempre fez questão de repeti-la, diante de uma ou outra ingenuidade minha em alguma situação. Confesso que no início, não dava muita atenção, e mais, me chateava com a idéia de que minha mãe sabia mais do que eu! Agora, no caminho da maturidade que pretendo um dia alcançar, percebo claramente, o quanto minha mãe sempre vai saber mais do que eu e quão sábia é a insistente frase.

Desde pequena sou uma pessoa social. Fazer amigos parecia um esporte pra mim, praticava diariamente. Na escola, no Ballet, no Jazz, na Natação, no curso de Inglês, de Informática, na Academia...e nas muitas outras entidades por onde já passei. Com toda essa convivência, com pessoas diferentes, acabei tornando-me extremamente observadora. Observar o jeito de cada um de olhar, andar e se expressar, tornou-se algo natural pra mim. Não quero dizer, que reparo em modo de vestir, ou algo do gênero, porque pra isso, sou paradoxalmente distraída. Refiro-me a personalidades reveladas em cada um.Acredito que isso desenvolveu nas pessoas uma sensação de confiança em mim, porque desde então acumulo confissões, e segredos, guardados a sete chaves. E, como que por conseqüência, acumulo também experiências, que somadas as minhas, no auge dos meu 18 anos, transformaram meu modo de pensar e encarar o mundo. Uma dessas transformações, e talvez a mais drástica, ocorreu justamente no meu relacionamento com os outros.

Viver em sociedade, e conviver com pessoas diferentes diariamente, não é mais tarefa fácil quanto era nas aulinhas de Ballet. A amizade tão comum na minha infância, hoje parece ter entrado em extinção. O que observo (e essa mania ainda não perdi) por todos os lados é um incrível senso competitivo que, desde criança, privilegia o mais bonito, o que tem a mochila da moda e cujo pai tem o melhor carro. E se olharmos bem, o mesmo ocorre nas empresas, em que não se trabalha mais em prol do bom funcionamento, mas do melhor cargo, da melhor reputação e do melhor partido. Hoje se vive de aparências.Está cada vez mais difícil conhecer o íntimo das pessoas. Entender o que elas realmente pensam e sentem. As palavras estão perdendo cada vez mais o seu valor (ouso dizer que daqui a um tempo não valerão mais nada!).No mundo de hoje, as pessoas fecham os olhos para as injustiças e, aqueles que sofrem com elas, nada fazem para mudar. Ninguém luta por causas sociais, apenas por causas próprias.O ser humano tem se mostrado o ser mais desumano que eu conheço!

Sinto saudades de confiar sem desconfiar... De fazer amigos de verdade, tão leais quanto os que eu conhecia quando criança. Sinto falta de dar uma informação pra um motorista perdido, sem medo do seqüestro relâmpago. De olhar nos olhos de alguém e enxergar bem mais que parte de um rosto, mas parte de sua personalidade.

Agora, mamãe, o mundo é outro!
E coração, é mesmo terra onde ninguém pisa!

segunda-feira, abril 09, 2007

O que seria de nós se a vida fosse constituída apenas de sorrisos?


Sabe aqueles dias em que acordamos nos sentindo a pessoa mais horrível do mundo?! E chega aquele alguém, que você nunca deu atenção, e exalta a sua beleza sorrindo de forma tão delicada... Só assim deixamos o orgulho e a concorrência de lado e passamos a elogiar também – aposentando o velho hábito de sempre criticar.

As lágrimas são também de grande utilidade...
É quando elas afloram que refletimos no motivo delas aflorarem, e como que por reação começamos a pensar em tudo o que pode estar errado, e o que podemos fazer para melhorar.

E nos dias em que tudo parece estar aos avessos é que percebemos quão poucos amigos nós temos. E quão valiosos são os mesmos...

É diante das incertezas que cometemos as maiores loucuras e quase sempre são os momentos mais felizes da nossa vida. Afinal, a certeza, de tão imprevisível, caiu em meio ao ócio...

Os momentos de melancolia são, portanto, grandes mestres na escola da vida.
São causas que resultam em diversas conseqüências... Dentre elas – e talvez a mais importante – está a construção de um ser humano cada vez mais humano.

Um Viva à melancolia da vida!


Ps: Texto escrito em um dia molhado, em que a chuva e as lágrimas batiam no rosto, confundindo-se. Depois de seco, este mesmo rosto nunca mais voltou a ser o mesmo.